terça-feira, 24 de maio de 2011

Episódio 15 – O combate corpo-a-corpo

Numa noite Lúcio dirigiu-se a casa dos seus instruendos. Surpresa: pretendia premiá-los pelo esforço e interesse que manifestam nos treinos, e porque sabia que não podia descurar a psico dos elementos, o seu ânimo, mantê-los unidos e perto de si. Oferecia-lhes o jantar desse dia, nada mais nada menos que o prato que mais apreciavam, obviamente a “Bifana para esfomeados” com batatas fritas, que estava agora mais barata. Durante o comer não deixou alguém falar dos treinos, nem de lutas; queria-os ver como amigos, como um grupo coeso, unido, bem-disposto e solto. Os temas foram desde o futebol às raparigas da Vila, também falaram dos jogos na internet, um ainda tentou trazer à conversa os testes escolares mas foi calado “coisas tristes não vêm para aqui”. Não muito tarde, Lúcio não queria que perdessem noites, despediram-se uns dos outros, ficando por momentos Tiago e Pedro a terminar um tema iniciado. Depois Pedro disse:
- Xau e se não nos virmos mais, até sexta no treino.
- Então queres dizer até amanhã – corrigiu o Tiago a bocejar com sono.
 Pedro riu-se por esquecer que era quinta-feira.
Na sexta-feira encontraram-se à hora marcada como de costume no parque da vila onde desta vez esperaram por Lúcio que estava atrasado. Passados alguns minutos Lúcio chegou e cumprimentou:
- Bom dia.
- Está atrasado, disse Tiago, como se este seu atraso possa um dia justificar também o seu
- Pois… respondeu atrapalhado.
Esta atitude nada habitual no comportamento de Lúcio deixou os aprendizes desconfiados, algo se passara a não lhes quisera contar.
- Okey hoje temos o combate corpo-a-corpo, como previsto. Este modelo de luta só é utilizado contra alguém que o use ou juntamente com o modelo de curta distância. Para este modo de luta convém ter força em todos os membros do corpo, pelo que é necessário exercitar os braços e pernas. Por isso a preparação e aquecimento, para começar, vai ser uma volta à vila em passo de sprinte, de 200 em 200 metros paramos para 10 abdominais alternados com 10 flexões. Teremos de chegar todos ao mesmo tempo, pelo que não admito malandrice.
Como sabem que não adianta reclamar, lançaram-se de imediato no programa. Como a ordem era de chegar em grupo, algum que se atrasasse era incentivado pelos colegas, lá terminando em conjunto e com boa disposição.
Poucos minutos de descanso para regular a respiração foram-lhe concedidos mas o treino prosseguia.
 - Okey, quando vos fiz o teste inicial efectuei um ataque: lembram-se qual foi?
- Sim, o da aranha, disse Bruno
-Hoje praticamos esse e vou ensinar-vos outro, o do “escorpião”.
- Venham até aqui, apontando para o escorrega do parque, na parte de trás do escorrega num parque do jardim; tirou alguns sacos de areia que ali tinha propositadamente para este treino.
- Okey, primeiro vamos recordar o da aranha; para isso dobrem um pouco os braços, fechem as mãos, Okey, agora com os punhos batam no saco de areia até que rebente.
Assim foi cumprido, de início nada fácil, mas acabaram por conseguir. O que teve mais sucesso foi Kut, depois Lúcio explicou o ataque do escorpião.
- Okey, pessoal quero que prestem atenção pois este ataque dá bem para pôr o adversário inconsciente sendo bem executado; Kut chega aqui para eu poder exemplificar.
Kut assim fez, embora sabendo que lhe iria doer alguma parte do corpo.
- Okey, o que vocês têm de fazer é esticar o braço direito em direcção ao abdómen do adversário, depois dão uma valente “facada” (recordam-se que aqui facada é dada com a mão aberta) para que o adversário se abaixe e com o braço esquerdo, já apontado com o punho fechado, aplicam uma martelada seca na nuca. Se virem que não será suficiente juntem uma joelhada no adversário obrigado a curvar-se com o golpe na nuca. Para vos poupar por agora, não vamos praticá-lo entre vós; aconselho-vos a efectuá-lo contra o inimigo. Agora vamos treinar o resto do tempo nos habituais pontapés e murros, para não se esquecerem.
Depois de uma hora de exercício, Lúcio deu como concluído o treino e foram todos lanchar ao café da praça. Ali encontraram Márcia e como já era de esperar Kut foi tentar arranjar coisa e convidou para dar um passeio pela vila, que ela aceitou e assim deixaram os colegas. Quando atravessavam a ponte do lago que separava a vila da muralha em redor, junto a um portão Kut ouviu o barulho de aço, talvez facas e decidiu investigar. Ao chegar perto viu que era um pequeno ataque da vila vizinha e protegeu Márcia até uns arbustos baixos, e correu para ajudar. Em pouco tempo os bandidos deram em retirada. Dirigiu-se para ir recuperar  Márcia, mas teve uma grande surpresa…
No próximo episódio: Um novo amigo


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