sexta-feira, 3 de junho de 2011

Episódio 16 – Um novo amigo

Surpreendentemente Márcia não estava onde a deixara. Kut procurou-a por todo o espaço arborizado e, já com os nervos em franja, foi ter com Lúcio e pô-lo a par da situação, na intenção de intervir de imediato mas Lúcio não deixou pretextando que tinha de descansar e por isso mandou-o embora para comunicar aos seus colegas e no dia seguinte porem-se atrás da sua amada. Enquanto o fazia Lúcio preparava as suas habituais manhas e falou também com o velho JAM. Quando falavam no meio da floresta, viram que Márcia andava ao colo de um dos bandidos que a apresentou ao seu chefão. Este não ia cair na mesma armadilha duas vezes e não ia permitir que um bando de ‘pirralhos’ a levasse, pensava ele, mas desta vez eles não eram nem mais ‘pirralhos’ nem estavam mais sozinhos, mas sob a protecção de um dos discípulos de JAM, facto que ia ser osso duro de roer. Por isso tomou a decisão de levar Márcia para uma das prisões da vila. Lá, Márcia foi atirada para dentro de uma jaula como um animal e ficou deitada a chorar baixinho por uns momentos, até que o lamento foi interrompido por um estranho.
O estranho perguntou-lhe:                 
- Então que faz uma linda menina por aqui?
Ela olhou para ele desconfiada tirando-lhe as medidas da cabeça aos pés; tinha mais ou menos a idade de Kut, parecia ágil e não aparentava perigo. Como desde criança fora educada a não falar com estranhos apenas lhe perguntou:
- Como te chamas? Quem és tu?
O estranho logo respondeu:
- Embora não me chamo assim, outros têm por hábito tratarem-me por Manu.
Márcia então lá lhe contou de onde era e o que fazia por ali até que Manu teve uma ideia.
E tranquilizou-a:
-Vou tirar-te daqui.
- Como? Perguntou ela quase sem o deixar acabar de falar.
Ele contou-lho sem pormenores e em seguida mandou pô-lo em prática.
Márcia começou a gemer de dores até que um guarda se aproximou dela e ordenou-lhe mal-humorado:
- Faz pouco barulho, tás ouvir?
- Dói-me muito o joelho, pode vir tirar-me esta corrente se faz favor? Não aguento isto.
O guarda, para se ver livre do choro dela, cedeu aproximando-se. Assim que Márcia estava livre, Manu com o seu característico golpe vertical derrubou o matulão estatelando-o no chão de terra batida; um seco golpe algures junto da cabeça adormeceu-o por uns tempos.
Márcia espantada com a sua agilidade, esquecendo-se da situação pergunta-lhe: onde é que aprendeste isso?
- Na escola, claro
- Podes explicar enquanto me tiras daqui?
- Este golpe chama-se “Víbora” e a execução consiste, em si, muito rapidamente, para não dar hipótese de fuga ao adversário, em agarrar-lhe no pescoço e puxa-lo até ao chão de forma a bater de cara nele.
 Ela parece que não percebeu bem mas também não havia tempo para estarem com mais pormenores. Puseram-se em fuga e mais uma vez a agilidade de Manu foi usada para contornar quaisquer outros guardas que aparecessem. Para se orientarem e retomar forças, uns metros à frente esconderam-se nuns arbustos floridos perto da saída da prisão. O campo parecia aberto à fuga para a liberdade.
No próximo episodio: Um novo amigo, um novo aliado.

1 comentários:

Anônimo disse...

Depois deste tempo todo espero que a Márcia esteja melhor do joelho.

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